O clássico mais charmoso do Rio de Janeiro vai fazer 100 anos. Um centenário de paixões, de alegrias, tristezas, festas, amizades... Tudo em vermelho e preto, grená, verde e branco.
O meu Fla x Flu inesquecível não foi um jogo alegre. Pelo menos não pra mim e pra maior torcida do Brasil.
Em 1995 o Flamengo comemoraria o seu centenário, precisamente no dia 15 de novembro. O campeonato estadual daquele ano prometia. Tínhamos o melhor time, a melhor defesa, e o melhor atacante, eleito pela Fifa como o melhor jogador de futebol do mundo no ano de 94. Romário era nosso.
Nosso ataque dos sonhos formado por ele e a cria da casa Sávio, foi implacável no primeiro turno. Fizemos a final contra o Botafogo, numa noite de quarta feira, com a casa cheia... O Fla (leia-se Romário) marcou dois gols logo no primeiro tempo, jogamos desde os 7 minutos com um jogador a menos, perdemos nosso zagueiro e o Botafogo perdeu o seu atacante, a sua estrela Túlio Maravilha. Mesmo assim tomamos dois gols no segundo tempo e a partida seguiu empatada até o jogador Marcio Teodoro errar uma saída de bola e a mesma sobrar pra Ele novamente... Gol. Flamengo campeão da Taça Guanabara, Romário Rei do Rio, alegria do povo...
O returno para o campeão da Taça GB normalmente é complicado, como o time já se garante na final, o relaxamento é inevitável... O Fla ficou precisava de um empate pra ser campeão na última rodada, e o Fluminense precisava da vitória. Chegou o dia da grande final, o Rio acordou bem colorido, em todas as rodas de amigos nas esquinas o assunto era o jogo... A tarde o tempo virou, caiu um temporal... O maracanã lotado, os fogos, o pó de arroz alheio, as bolas rubro-negras, os sinalizadores, os gritos de guerra... Me sentei bem de canto, atras do nosso gol. Mas o Fluminense ganhou o sorteio e escolheu campo. Virando assim os lados. (o flamengo sempre ataca pro lado esquerdo das cabines no segundo tempo, que é o nosso lado) Me contaram anos depois que o Renato (capitão do time) disse que fez isso de propósito... Fica pra história... Times em campo, rola a bola...
O Fla do grande Romário, não se encontrava, foi totalmente envolvido pelo rival... A favela silenciada a cada ataque... E veio o primeiro gol... O Fla continuou sem domínio... Não criava, a torcida já saindo do sério... Veio o segundo gol e o fim do primeiro tempo... Lembro bem que a chuva parou e eu pude ver o Cristo Redentor lá no alto, com os braços abertos nos abençoando e pedi pra ele uma virada, pedi um milagre...
O Fla voltou diferente pro segundo tempo, jogando bem, pressionando o Flu... Aos 26 (tive que recorrer ao google) veio o lance mais lindo. A bola sobrou pro Romário, que nunca tinha feito gol no Fluminense... O baixinho mandou pro fundo da rede e a torcida linda vibrou... 120.512 pagantes, a maioria rubro-negra... A torcida entrou em campo, e o segundo gol veio aos 32 com o Fabinho driblando 3 jogadores do Flu... Era o gol do título, o gol da felicidade, a mística da camisa, o peso, e tudo o mais... Nessa hora eu vibrava tanto, eu não sabia o que pensar, só olhava pro Cristo e agradecia...
Mas aquele ano não era nosso, os deuses do futebol não queriam... E aos 42 um cruzamento que veio pela esquerda do Aílton encontrou a barriga de Renato Gaúcho; Lembro bem do silêncio que se abateu no estádio, a bola ali parada no cantinho dentro do gol, os gritos do outro lado, o pó branco jogado ao léu... E lembro também de um ataque, um fiozinho de esperança que o juiz deu como impedimento... A volta pra casa no trem cheio e silencioso, deixar o estádio pra trás depois de uma derrota tem um sabor amargo... Só quem já sofreu é que sabe...
No domingo próximo tudo isso vai entrar em campo, toda rivalidade, toda beleza, toda mística, toda história... Esse clássico vai fazer 100 anos!! Eu estarei lá e espero ver meu time saindo de campo com três pontos no campeonato e com uma vitória a mais pra contar mais tarde pros meus netos.
Mas sempre são rosas...

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