Mas sempre são rosas...

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quarta-feira, 4 de maio de 2011

Mais uma vez aqui... Divã parte 6

 Tarde chuvosa no Rj, pego o elevador subo até o 30º andar do Edifício Av.Central.
Espero o segundo elevador que me levará até o 33º... Ele não vem, demora horrores...
Perco a paciência, e subo de escada. Ando com muita dor na panturrilha, provocada pela volta à malhação. Acabou meu amigo intímo, o Dorflex... E eu não passei na farmácia pra comprar. Tudo junto com uma dor de cabeça, causada pela falta de café... Não, eu não esqueci de comprar! Estou reduzindo o consumo por causa das celulites.
Eis que chego no consultório do Doutor Sérgio, e ele não está. Alias segundo a secretária(um amor de pessoa, sempre) ele não se encontra. Eu odeiooooo esse "não se encontra"... Diz:" ele saiu e volta logo", "ele saiu e não volta hoje". "Não se encontra", me mata de raiva... Respirei fundo e sentei, peguei uma revista que eu gosto e por acaso não tinha lido.
Comecei a ler, e a coluna "Eu, leitora" falava de uma senhora de 65 anos, que aos 42 conheceu um rapaz de 18 se apaixonou, largou marido, fazenda, e foi viver com ele. E até hoje vivem juntos, são felizes, apesar do ciúme dela... Ele tem hoje 41. Eu fiquei me perguntando se eu confiaria numa pessoa com 23 anos a menos que eu... Ainda jovem, bonita, cheia de vida, e eu com 65, cheia de rugas, aquelas dobrinhas horríveis nas costas, causadas pelo sutiã... Será que eu tiraria a roupa pra ele, e não passaria pela minha cabeça que ele ia preferir uma gatinha de 25 ou 30, toda em forma?
Mesmo ele repetindo vezes e vezes sem fim, todo dia, toda hora que me amava, que me adorava. Eu não ficaria totalmente satisfeita. Eu ficaria cheia de neuroses, eu sei.
Daí me senti voltando no tempo, me lembrei de tanta coisa...
A diferença de idade sempre pesou, doia tanto ser mais velha, ter rugas, estrias, celulite. Imaginar que poderia ter alguém da mesma idade por perto, que tinha os mesmos gostos, vestia as mesmas roupas, ia nos mesmos eventos.
E lá estava eu sentada na recepção  já querendo chorar quando finalmente Doutor Sérgio chegou.
Depois do cafezinho tradicional e dos telefonemas, ele me chamou.
Deitei no meu divã eterno e lembrei de uma amiga que tinha passado por um problema e que eu sempre quis contar e acabei deixando pra depois. 
Não é fácil pra ninguém descobrir no fim da vida que curte tudo que sempre disse que não achava legal; é super complicado aceitar a ideia, e se aceitar, e esperar que os outros aceitem também. 
E ainda esconder de outras mil pessoas que não podem sequer imaginar coisas sobre você...
Amores são complicados, amores indecisos, amores sensíveis, amores entre seres do mesmo sexo... Tudo meio conturbado, tudo meio doloroso. E a pessoa no meio desse furacão, faz o que?
Sem saída, o melhor a fazer ela nunca soube, porque antes de qualquer decisão, a outra parte tomou a sua própria. A separação inevitável um dia viria mesmo, não seria pra sempre... Mas foi tão pouco, tão forte e tão rápido.
E enquanto eu contava tudo naquele divã, descobri que o bom de tudo, foi ela ter  vivido, foi ter curtido o tempo que durou. E como você não vai levar nada da vida, você tem que se deixar levar por ela. 
Seguindo o curso normal, do mesmo jeito que um  rio segue o seu, sem alterações, a não ser quando tem tragédia... Isso, vamos torcer para que nunca aconteça.
E nessa quarta chuvosa gastei o meu tempo falando de outras pessoas. Aposto que você está pensando isso agora. Mas não é verdade. Já comentei aqui que vivendo a vida dos outros, a gente consegue dar umas pinceladas na nossa própria. 
E desde a história que li na revista até a história que contei pro analista, eu me encontrei diversas vezes. Vi meus erros e meus acertos. E descobri que fui feliz e isso é o suficiente. 
Mas que nada é pra sempre, isso é importante saber. 
Nos deixa com os pes no chão.  
O próximo paciente já estava esperando, quando eu passei pela recepcionista, fechei a porta atras de mim e desci os 33 andares bem mais leve do que quando subi. A chuva ainda caia lá fora, e eu fui sem sombrinha deixando que ela lavasse meus pensamentos, meus sentimentos... Senti lágrimas escorrendo e se misturando com a chuva, isso me libertou. Pensei talvez em não voltar mais, mas a análise estava me fazendo bem. Por isso, até a próxima.

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